A colheita de produtos florestais são fonte vital de alimentos em países em desenvolvimento e podem contribuir para diminuição do desmatamento As florestas apresentam grande importância, não só de aspectos relacionados à biodiversidade, estética, religiosidade, cultura, mas também quanto ao uso econômico. Dentre esses múltiplos benefícios produtivos, encontram-se fontes de madeira, lenha, alimentos, fibras, medicamentos, entre outros. No entanto, se essa de produtividade não é dimensionada, valor econômico e social pode ser ignorado por políticas e legislações, já que grande parte das decisões são frequentemente conduzidas pautadas em dados quantitativos. Uma dessas estimativas foi recentemente registrada para encontrar o valor dos alimentos colhidos na natureza por comunidades no sul da Zâmbia. Os tubérculos tem grande valor socioeconômico e são vendidos em mercados locais. O inhame-selvagem, conhecido como lusala (Dioscorea hirtiflora Benth), é uma planta silvestre tuberosa nativa da Zâmbia e cresce nas florestas do país. Para responder à pergunta “esta planta selvagem comestível é importante?”, um grupo de pesquisadores entrevistaram 278 famílias rurais em quatro distritos diferentes na província do sul da Zâmbia e comerciantes em três cidades. O estudo foi liderado por Richard Ellis, professor da University of Reading na Inglaterra. Os resultados revelam a dependência alimentícia pelo inhame-selvagem. Quase todas (96%) as famílias rurais utilizam a espécie na alimentação. Uma parte expressiva coleta os tubérculos das florestas (83%), enquanto mais da metade (59%) vedem os tubérculos para contribuir com a renda familiar. Esse novo entendimento do nível de uso de lusala significa que é possível atribuir um valor a espécie e fortalecer a importância das florestas na região para manter a oferta desse alimento. Isso é relevante, uma vez que as florestas na Zâmbia estão sob ameaça, com o desmatamento acontecendo a um ritmo alarmante. O desmatamento está avançando com taxas entre 79.000 a 150.000 hectares anualmente. Isso tem sido resultado da produção de carvão vegetal, extração de madeira para combustível, conversão para uso agrícola e a urbanização. Isso levando em consideração ainda que 16 milhões dos habitantes da população de Zâmbia, vivem em áreas rurais. O estudo revela ainda que os entrevistados reconheceram a diminuição na presença do lusala, demorando mais para serem encontrados e coletados. Outras causas citadas incluem a colheita excessiva, declínio de chuvas, desmatamento de florestas, produção agrícola ou produção de carvão, ou porcos selvagens comendo tubérculos. Com isso, passa a existir uma ameaça da floresta sendo necessário a compreensão do alto nível de uso do tubérculo. Assim, é possível aplicar valores em relação a importância das florestas na região para que a oferta do tubérculo permaneça, refletindo no uso sustentável da floresta. O estudo apresenta soluções pautados nos conhecimentos locais para o manejo da planta e das florestas. Além de formas alternativas de sustentar a planta, como a multiplicação de tubérculos em viveiros e a enriquecimento em áreas com redução da densidade. Para saber mais leia o artigo científico: Zulu, D.; Ellis, R.H.; Culham, A. (2019). Collection, Consumption, and Sale of Lusala (Dioscorea hirtiflora) a Wild Yam by Rural Households in Southern Province, Zambia. Economic Botany. Artigo completo: https://link.springer.com/article/10.1007/s12231-018-9433-3. Notícia traduzida e adaptada de: https://theconversation.com/we-revealed-the-value-of-zambias-wild-yam-why-it-matters-110367 Registre-se para receber as nossas noticias
1 Comment
|
ÚLTIMAS NOTICIAS
June 2024
TEMAS
All
publicações |