O Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR), em Iporanga (SP), sediou em abril a troca de experiências entre a Rede de Sementes do Vale do Ribeira e a Associação Rede de Sementes do Xingu (ARSX). Juntos, se organizaram em favor de um objetivo principal de fazer florestas. ![]() Quilombolas de três comunidades do Vale do Ribeira (SP) discutiram a gestão dos pedidos de compra de sementes florestais, a precificação das sementes e outros pontos essenciais para a iniciativa. Ao fim, foi realizada uma atividade prática de coleta e beneficiamento de sementes. A Associação Rede de Sementes do Xingu, teve como representante Milene Alves de Oliveira, que esteve pela primeira vez no Vale do Ribeira para levar aos quilombolas a experiência adquirida nos mais de 10 anos de trabalho no Xingu. Milene, levou a experiência do Xingu para contribuir com as reflexões e decisões desta nova rede que começa a se formar. A Rede de Sementes do Vale do Ribeira vem crescendo rapidamente, com produção em 2018 de um valor quatro vezes maior que o gerado no ano de 2017, o resultado foi de uma renda de R$ 12 mil. E com isso, o trabalho de coleta de sementes da rede resultou em 10 hectares de áreas restauradas nas regiões de Piracicaba (SP), São Carlos (SP) e no Vale do Paraíba (SP) com a técnica da muvuca. Em depoimentos, os Quilombolas afirmam: "Nunca passou pela minha cabeça trabalhar com sementes florestais. Hoje dou grande valor para a mata. É vida, é saúde", disse João da Mota, 65, do Quilombo Nhunguara. "Tinha muita vergonha de chegar na cidade e falar que vim do sítio. Hoje a gente sente orgulho de dizer que vem do sítio, de uma comunidade quilombola. O que era vergonha virou alegria." "Achei interessante coletar sementes para tentar reflorestar áreas devastadas pelos fazendeiros. É pra ele ver que está acabando com as nascentes. E tem um ganho financeiro para as comunidades", afirmou Elivelton Rodrigo da Silva, 23 anos, do Quilombo Maria Rosa. Os quilombolas reconhecem as épocas de floração e frutificação das espécies, bem como as características do terreno e as movimentações da fauna local, além disso, também possuem o Sistema Agrícola Tradicional Quilombola, um sistema agrícola reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. Essas características específicas deste povo fazem do conhecimento tradicional quilombola a base da coleta de sementes na região. Ao levar a experiência da ARSX, Milena conta que tudo começou com cinco coletores, sendo que atualmente são mais de 600, a maioria (ou 63% do time que compõe a rede) são mulheres. Em 12 anos a ARSX já produziu mais de 221 toneladas de sementes e gerou R$ 3,4 milhões de renda para os coletores. São cerca de 6 mil hectares em processo de restauração, grande parte plantados com a técnica de semeadura direta da muvuca. A técnica da muvuca pode ser realizada pelo proprietário com implementos utilizados na produção agrícola, além de ser uma alternativa mais barata para restauração florestal. "Apesar de uma distância tão grande entre os povos do Xingu e os quilombolas do Vale do Ribeira, estamos lutando pelo mesmo sonho de formar floresta. Me dá um impulso para me dedicar, estou vendo que tem outras pessoas se inspirando na gente", disse Milena. Para Zélia Morato dos Santos Pupo, 45, do Quilombo André Lopes, o trabalho está apenas começando. "Eu quero trazer mais jovens, e na minha comunidade tem muitos para ajudar", disse. O Vale do Ribeira é um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Brasil e suas sementes poderão contribuir para atender os Planos de Regularização Ambiental (PRA), para ações de conservação e revitalização de mananciais de abastecimento, entre outras ações de restauração da vegetação nativa. Fonte: ISA, Coletores reunidos no Vale do Ribeira
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2 Comments
PAULO CEZAR DE MORAIS MARINHO
13/1/2021 11:31:50 am
Tenho interesse no assunto.
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Inêz
24/2/2021 02:29:55 pm
Gostaria de ter mais informações sobre o trabalho com sementes. Obrigada
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